Política

Ucrânia e Rússia trocam prisioneiros em meio a impasse sobre restrições de mísseis

A troca é a segunda em apenas dois dias. Na sexta-feira, 49 prisioneiros ucranianos foram fotografados comemorando após serem libertados, incluindo membros da guarda nacional do país, serviço de fronteira e civis. Entre eles estava Leniye Umerova, uma tártara da Crimeia que foi presa pelas forças de segurança russas na península ucraniana ocupada no ano passado após retornar para visitar seu pai doente.

Ao mesmo tempo, porém, o Kremlin intensificou sua guerra de palavras em meio a crescentes expectativas de que os EUA poderiam dar a Kiev sinal verde para atingir instalações militares russas do outro lado da fronteira usando armas de longo alcance doadas por seus aliados ocidentais. O presidente russo Vladimir Putin afirmou que a medida seria equivalente à OTAN se envolver diretamente na guerra — apesar de já ter consistentemente procurado retratar sua invasão como uma batalha contra o Ocidente.

Questionado na sexta-feira sobre o que achou das ameaças, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse apenas: “Não penso muito em Vladimir Putin”.

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer levantou a questão em uma visita a Washington no mesmo dia, com Londres há muito tempo pressionando para que as regras de armas fossem relaxadas. A Ucrânia quer usar mísseis Storm Shadow de fabricação britânica para destruir bases de foguetes russas, mas precisaria da Casa Branca para assinar porque certos componentes são de fabricação americana.

“A Rússia é uma potência nuclear, e seria irresponsável ignorar isso totalmente”, disse Bradley Bowman, diretor sênior do Center on Military and Political Power na Foundation for Defense of Democracies, de Washington, e ex-assessor republicano do Senado. “Mas Putin já fez ameaças nesse sentido antes, e sua estratégia consistente é jogar com os medos de escalada como um meio de privar Kiev das armas e do apoio de que precisa.”

“Desde 24 de fevereiro de 2022, temos visto repetidamente a dinâmica em que Zelenskyy diz que precisa deste ou daquele sistema e então vemos um ‘não’ do governo Biden, então vemos um ‘talvez’, então um ‘sim'”, disse Bowman. “E, com o passar do tempo, tudo o que acontece é que ucranianos morrem, a Rússia avança.”