Os primeiros sinais sugerem que Moscovo não dará a outra face à reviravolta de Biden. Curiosamente, poucos na sociedade russa, ou em qualquer outro lugar, sabem o que isso significa na prática.
Chocalho de sabre
Nos primeiros comentários oficiais de Moscovo, na segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a utilização de armas de longo alcance significaria “um nível de tensão qualitativamente novo e uma situação qualitativamente nova em termos de envolvimento dos EUA no conflito”.
Referiu-se aos comentários feitos por Putin em Setembro, descrevendo-os, de forma imprecisa, como “muito claros e inequívocos”.
Num comentário ao jornal russo RBC, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, também cedeu à posição anterior de Putin, dizendo que “o presidente falou sobre o assunto”.
Como acontece frequentemente quando o Kremlin ganha tempo enquanto pondera a sua melhor resposta, os propagandistas russos e os funcionários de escalão médio ficaram felizes em preencher o vazio de informação com linguagem incendiária e ataques de sabre.
“A resposta pode ser qualquer coisa. Qualquer coisa”, ameaçou Dmitry Kiselyov, o âncora do principal programa de notícias da Rússia, “Vesty Nedely”, na TV estatal, na noite de domingo. “Há uma razão pela qual alteramos a nossa doutrina nuclear”, continuou ele, referindo-se às mudanças recentes que justificariam uma resposta nuclear da Rússia, mesmo que este país fosse atingido por armas convencionais.