Uma nova pesquisa do Eurobarometer revela que 50% dos pólos acreditam que os vírus são criados artificialmente em laboratórios para controlar as populações – significativamente maior que a média da UE. Essa nova descoberta ocorre apesar do aumento da confiança do público nos benefícios da ciência e da tecnologia.
O estudo em toda a UE, que avaliou o conhecimento e as opiniões públicos sobre ciência e tecnologia, foi realizado em setembro e outubro de 2024. Pesquise mais de 34.000 indivíduos nos 27 estados membros da UE, bem como participantes da Turquia, North Macedônia, Sérvia e Reino Unido. Comparado com uma pesquisa semelhante de 2021, os resultados destacam uma mudança preocupante nas atitudes.
“Quando as crenças da conspiração se traduzem em ações – ignorando as diretrizes médicas, abandonando os tratamentos baseados em evidências – as pessoas arremessam suas vidas ao optar por alternativas não comprovadas”, disse Natalia Gruenpeter, analista de desinformação da Divisão de Proteção de Informações sobre Ciberspositários da Polônia.
Ela disse à Diário da Feira. “Essas teorias prosperam retratando as elites como conspiradoras responsáveis por problemas sociais por problemas sociais, corroendo a confiança nas instituições”.
O paradoxo da confiança da ciência
83% substanciais dos cidadãos da UE percebem a ciência e a tecnologia como uma força positiva e 67% concordam que esses avanços simplificam e melhoram a vida.
Os entrevistados expressaram forte confiança na energia renovável (87%), tecnologias de informação e comunicação (79%) e vacinas na luta contra doenças infecciosas (77%) como desenvolvimentos benéficos nos próximos 20 anos.
No entanto, quando perguntado sobre conspirações médicas, muitos mantiveram visões céticas.
Os participantes foram convidados a responder a declarações como “existe uma cura para o câncer, mas são retidos do público devido a interesses comerciais” e “os vírus foram fabricados em laboratórios governamentais para controlar nossa liberdade”.
Portugal registrou a maior porcentagem de indivíduos endossando a crença de que os vírus são ferramentas de controle populacional, com 62% de assinatura desse ponto de vista.
Na Polônia, metade dos entrevistados concordou com a teoria, excedendo em muito a média da UE de 35%.
Desde 2021, a proporção de pólos acreditando que os vírus são feitos pelo homem aumentou em 10 pontos percentuais, substituindo amplamente as respostas anteriores de “não sei”.
O ceticismo em relação às vacinas também está em ascensão. Malta registrou o maior aumento em visões negativas, com um aumento de 23%, enquanto a Polônia teve um aumento de cinco pontos, com 21% dos entrevistados expressando sentimentos negativos em relação às vacinas.
Na UE, a desconfiança das vacinas aumentou oito pontos percentuais.
O estudo também descobriu que quase um terço dos poloneses acredita que os seres humanos coexistiam com dinossauros, ressaltando ainda mais a disseminação de informações erradas sobre a ciência.
Além disso, 52% dos entrevistados poloneses acreditavam que as mudanças climáticas são principalmente o resultado de ciclos naturais e não a atividade humana.
A visão de especialista
Gruenpeter disse a Diário da Feira que a crescente aceitação das teorias da conspiração é alimentada pela escalada de desinformação e um clima social receptivo.
“A desinformação é eficaz quando encontra um terreno fértil em sentimentos e emoções sociais, como incerteza e medo. As teorias da conspiração oferecem uma aparência de certeza e fornecem explicações simples para questões complexas”, explicou ela. Essas narrativas freqüentemente retratam elites e instituições como os culpados por trás dos problemas sociais.
“Quando essas crenças influenciam o comportamento – como rejeitar vacinas ou medicina baseada em evidências – os indivíduos não apenas em risco, mas também a saúde pública”, alertou Gruenpeter.
Esperança para o futuro
Apesar dessas tendências relativas, a pesquisa também destaca um interesse crescente em conhecimento científico. Nas nações pesquisadas, 58% dos entrevistados expressaram o desejo de aprender mais sobre descobertas científicas em lugares como bibliotecas e museus. Na Polônia, esse número ficou em 51%.
Segundo Gruenpeter, combater a desinformação requer estratégias de comunicação que reconheçam preocupações sociais e fatores emocionais.
“Em primeiro lugar, a alfabetização da mídia, que ensina uma abordagem consciente ao consumo e verificação de conteúdo de fontes. Em segundo lugar, construindo confiança através da comunicação que considera fatores emocionais e medos sociais”, afirmou.
Os resultados do eurobarômetro sublinham os desafios e as oportunidades para promover a conscientização científica. À medida que a desinformação continua se espalhando, melhorar a educação científica e melhorar a confiança do público nas instituições será crucial para mitigar a influência das teorias da conspiração.