O muito difamado acordo comercial transatlântico que introduz taxas de importação de 15% dos EUA sobre medicamentos suscitou duras críticas por parte dos legisladores da UE. A eurodeputada sueca Karin Karlsbro descreveu o acordo comercial de 27 de julho entre a UE e os Estados Unidos como “a opção menos má, mas nada para comemorar”.
Karlsbro, que atua como relator sombra do grupo Renovar a Europa na Comissão de Comércio Internacional (INTA), é apenas um dos muitos eurodeputados que manifestam desconforto.
“Todos perdem com tarifas mais elevadas, o que tornará as coisas mais caras para os consumidores e as empresas de ambos os lados do Atlântico”, disse ela à Diário da Feira. “É muito claro que os EUA estão a afastar-se da ordem mundial baseada em regras e da OMC.”
Espera-se que a comissão INTA lidere as negociações sobre duas propostas legislativas decorrentes do acordo, enquanto os Estados-Membros formulam as suas posições no Conselho de Ministros.
Incerteza e risco de investimento
O político liberal sueco, que exerce o cargo de vice-presidente da INTA, alertou para as implicações económicas mais amplas. “Parte do problema também reside na incerteza que acompanha as tarifas. As empresas não sabem como ou onde investir, o que significa que muitas estão a abster-se completamente de investir, algo que corre o risco de ter um efeito paralisante”, disse ela.
Karlsbro reconheceu que o caminho legislativo a seguir é incerto. Apesar do apoio da Comissão, vários grupos políticos do PE permanecem céticos. Ela explicou que “Nas próximas semanas, estaremos negociando a questão na Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, após o que teremos uma imagem mais clara de quanto apoio as propostas realmente têm”, disse ela.
Ela acrescentou que questões não resolvidas – como as tarifas sobre o aço e o alumínio e as controversas medidas da Secção 232 – devem ser abordadas antes de qualquer aprovação final. “Ainda restam várias questões, incluindo as relativas às tarifas do aço e do alumínio e às tarifas da Secção 232, que precisam de ser resolvidas antes de podermos dar o nosso apoio às propostas.”
Outros eurodeputados suecos, incluindo Adnan Dibrani, do grupo Socialistas e Democratas e membro da Comissão do Mercado Interno e da Protecção do Consumidor (IMCO), recusaram-se a comentar, citando a fase inicial do processo legislativo.
Espera-se que Bernd Lange, presidente da INTA, apresente projetos de relatórios para discussão na reunião da comissão agendada para 3 e 4 de novembro. Uma votação dentro da INTA não está prevista antes do início de 2026, com uma votação em plenário a seguir.
(VA, BM)




