Então, acrescentou, silenciosamente: “Sinto que devemos nos perguntar: com uma população de mais de um bilhão de pessoas e altas taxas de pobreza em meio a ilhas de afluência, o que fazemos para nos escolher dessa bagunça para o futuro?”
Ela também falou do homem que viria a ser a figura mais controversa da história nuclear do Paquistão: Abdul Qadeer Khan, o físico nuclear coloquialmente conhecido como pai do programa de armas atômicas do Paquistão.
“Quando eu o conheci, ele era um homem modesto. O enorme ego só começou em 1980. Eu me deparei com ele quando ele veio me ver com Munir”, lembrou ela, referindo-se a Munir Ahmed Khan, o então presidente da Comissão de Energia Atômica do Paquistão. “Eles pareciam servos do governo, prontos para realizar ordens do governo. O primeiro -ministro os chamou, eles vieram.”
Seu tom não era reverente nem condenatório – simplesmente descritivo, como se estivesse traçando uma trajetória que ela conseguia observar de perto. O mito de Khan como salvador nacional, ela sugeriu, havia chegado mais tarde, alimentado tanto pela política e pela insegurança quanto por qualquer conquista científica singular.
Esta não foi uma conferência de imprensa. Foi uma conversa no exílio – desprotegida, reveladora e agora historicamente valiosa. Numa época em que o ratcling nuclear de sabre está de volta à moda e o desarmamento parece um sonho diferido, as palavras de Bhutto parecem um alarme.
Ela andou pelos corredores do poder e sabia o que significava exercer uma terrível responsabilidade. No entanto, ela também entendeu, instintivamente, o absurdo da destruição mútua.
“Nem a Índia pode usar a bomba nuclear, nem o Paquistão. Qualquer que seja o país que esteja jogando essa bomba nuclear”, disse ela, “sabe que não há tempo ou espaço suficiente – e vai recuperá -lo (jogado) de volta”.
Mais de 20 anos depois, essa lógica permanece sólida.