Política

Governo alemão enfrenta momento decisivo à sombra das eleições nos EUA

Na sexta-feira assistiu-se à fuga de um documento político no qual Lindner, que também é o líder do FDP, expôs um plano para cortes de impostos e redução das políticas climáticas já adotadas. As suas propostas, que estão em linha com a abordagem de orçamento equilibrado do seu partido, estão em total desacordo com as visões do SPD e dos Verdes, os parceiros de coligação de tendência mais esquerdista do FDP.

O documento de 18 páginas que vazou gerou comparações com um artigo de 1982 do então ministro da Economia, Otto Graf Lambsdorff (também do FDP), que acabou derrubando o governo liderado pelo SPD. Isto abriu o caminho para a tomada de poder pela União Democrata Cristã, de centro-direita – e para Helmut Kohl liderar a Alemanha durante 16 anos.

O texto detalhado de Lindner, que parece ter levado semanas de trabalho, causou ondas de choque em Berlim e levou Scholz a convidar o chefe do SPD e Lindner para conversações na chancelaria no domingo à noite.

As reuniões de crise subsequentes entre Scholz, Lindner e Habeck já foram agendadas, com a última acontecendo na quarta-feira. Nessa noite, o conselho de mais alto escalão do governo, o comité de coligação, deverá reunir-se para decidir se os parceiros assinam um plano comum – ou seguem caminhos separados.

Esta última significaria o colapso da coligação governamental e, portanto, eleições antecipadas, provavelmente na Primavera; ou uma saída do FDP da coligação governamental, com o SPD e os Verdes continuando a governar num governo minoritário.

“A chanceler e o ministro das finanças garantiram um ao outro que não haverá nenhuma decisão espontânea até quarta-feira”, disse Bijan Djir-Sarai, secretário-geral do FDP, aos jornalistas na segunda-feira em Berlim.