Vários ministros e vice-ministros demitiram-se devido ao seu alegado envolvimento no escândalo. A UE já multou Atenas em 400 milhões de euros depois de encontrar provas de falhas sistémicas no tratamento dos subsídios agrícolas de 2016 a 2023. A Grécia também corre o risco de perder os seus subsídios agrícolas da UE, a menos que forneça um plano de acção melhorado sobre como impedirá que os fundos sejam desviados para a corrupção. O prazo original era 2 de outubro, mas agora foi adiado para 4 de novembro.
“A Comissão aguarda a apresentação do plano de acção revisto e, entretanto, continua em contacto com as autoridades gregas”, disse um porta-voz da Comissão Europeia ao POLITICO no início deste mês.
A operação de quarta-feira centrou-se numa rede criminosa acusada de obter ilegalmente subsídios agrícolas da UE através de declarações falsas apresentadas à organização responsável pela distribuição de fundos agrícolas da UE na Grécia, OPEKEPE.
De acordo com a Procuradoria Europeia, no decurso da investigação preliminar, 324 pessoas foram identificadas como beneficiárias de subsídios, causando um custo estimado de mais de 19,6 milhões de euros para o orçamento da UE. Destes, acredita-se que 42 estejam envolvidos neste caso e sejam considerados atuais membros do grupo criminoso, afirma a Procuradoria Europeia.
A maioria deles parece não ter qualquer ligação real com a agricultura ou a produção, de acordo com as autoridades gregas e da UE.
A Procuradoria Europeia afirmou que, pelo menos desde 2018, o grupo “supostamente explorou lacunas processuais” na apresentação de pedidos utilizando documentos falsificados ou enganosos para reivindicar subsídios agrícolas à OPEKEPE. Eles são suspeitos de declarar fraudulentamente pastagens que não lhes pertenciam ou que não atendiam aos critérios de elegibilidade. Eles alegadamente inflacionaram o número de animais para aumentar os seus direitos a subsídios. Para ocultar a origem ilícita dos rendimentos, acredita-se que emitiram faturas fictícias, encaminharam os fundos através de múltiplas contas bancárias e os misturaram com rendimentos legítimos. Parte do dinheiro desviado foi alegadamente gasto em bens de luxo, viagens e veículos, para disfarçar os fundos como activos legais.
A autoridade grega contra o branqueamento de capitais está a investigar Giorgos Xylouris, um agricultor de Creta e até recentemente membro do partido governante Nova Democracia. Xylouris é uma das principais personagens mencionadas nos autos da EPPO, sob a alcunha de Frappé (“Café Gelado”), relativamente ao escândalo OPEKEPE.
Cerca de 2,5 milhões de euros foram descobertos nas suas contas bancárias durante uma inspeção aleatória, disseram as autoridades gregas. As autoridades descobriram que a Xylouris não apresentou a documentação financeira exigida e não conseguiu justificar a grande quantia. Também foram identificados oito veículos em sua posse, incluindo um carro de luxo Jaguar. O processo foi enviado aos procuradores para examinarem possíveis violações das leis antissuborno e está em curso uma investigação para determinar se ocorreu branqueamento de capitais.




