“A Mongólia sempre manteve uma política de neutralidade em todas as suas relações diplomáticas, como demonstrado em nossas declarações registradas até o momento”, acrescentou o porta-voz.
A Mongólia, um vasto país de 3,3 milhões de pessoas, fica em um ponto geográfico estranho, sem litoral, entre as superpotências Rússia e China. Ela andou na corda bamba diplomática para evitar alienar qualquer um de seus vizinhos com quem tem laços históricos e econômicos extensos. A invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia não mudou esse cálculo para o governo em Ulaanbaatar, a capital da Mongólia.
A Mongólia, no entanto, é membro do TPI, que em março do ano passado emitiu um mandado de prisão internacional para Putin por crimes de guerra relacionados à deportação e transferência de crianças de áreas ocupadas da Ucrânia para a Rússia.
Qualquer membro do ICC é obrigado a agir de acordo com os mandados do tribunal, mas a Mongólia não o fez. Um especialista legal disse anteriormente ao POLITICO que a Mongólia provavelmente enfrentará processo por sua inação.
A União Europeia, a Ucrânia e organizações internacionais de direitos humanos, como a Anistia Internacional, já haviam instado a Mongólia a cumprir suas obrigações.
Heorhii Tykhii, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, chamou a falha da Mongólia em prender Putin de “um duro golpe para o TPI e para o sistema de justiça criminal internacional”.
“A Mongólia permitiu que o criminoso indiciado escapasse da justiça, compartilhando assim a responsabilidade por seus crimes de guerra. Trabalharemos com parceiros para garantir que isso tenha consequências para Ulaanbaatar”, Tykhii adicionado.
Durante a visita, Putin convidou o presidente mongol, Ukhnaagiin Khürelsükh, para a cúpula do BRICS de economias emergentes, que acontecerá na Rússia em outubro.
O porta-voz do governo da Mongólia também acrescentou que a visita de Putin está de acordo com o precedente histórico de chefes de estado celebrando conjuntamente o aniversário da vitória das forças soviéticas e mongóis sobre o Japão na Batalha de Khalkhin Gol em 1939.