O governo do Chade encerrou abruptamente um acordo de cooperação em defesa com a antiga potência colonial França, emitindo o anúncio inesperado poucas horas depois de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países.
“Depois de 66 anos desde a independência da República do Chade, é hora de o Chade afirmar a sua plena soberania e redefinir as suas parcerias estratégicas de acordo com as prioridades nacionais”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Chade, Abderaman Koulamallah, num comunicado na quinta-feira.
“Esta decisão, tomada após uma análise aprofundada, marca uma viragem histórica”, disse ele.
O anúncio ocorreu poucas horas depois de Koulamallah se ter reunido com o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, na capital do Chade, N’Djamena. Koulamallah disse que a reunião ocorreu sem incidentes.
O governo francês ainda não comentou.
A decisão do Chade exigirá que as tropas francesas – cerca de mil estão estacionadas no país – deixem o país da África Central, sem litoral. O Chade é a última nação a pedir à França que retire as suas forças, depois de Paris ter sido forçada a retirar os seus militares do Mali, Burkina Faso e Níger na sequência de golpes militares.
Poucas horas antes, o presidente senegalês Bassirou Diomaye Faye disse que a França deveria fechar as suas bases militares no seu país.
Faye disse que o presidente francês, Emmanuel Macron, admitiu pela primeira vez que a França foi responsável por um massacre de soldados senegaleses em 1944, enquanto o país se prepara para comemorar o 80º aniversário do massacre no domingo.
“O Senegal é um país independente; é um país soberano e a soberania não aceita a presença de bases militares num país soberano”, disse Faye.
Os comentários do Chade e do Senegal surgem num contexto de ambições da Rússia de expandir a sua posição no continente africano – e num contexto de instabilidade política.
Tanto o Chade como o Senegal reiteraram que a situação nos seus países é diferente da do Níger e que as suas decisões não representam uma ruptura com a França.
O Ministério das Relações Exteriores da França não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.