Um número alarmante de adolescentes sofrerá violência física e/ou sexual em seus relacionamentos íntimos, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) em um novo estudo publicado na terça-feira (30 de julho).
Quase um quarto das adolescentes (24%) sofrerá violência física e/ou sexual nas suas relações íntimas antes dos vinte anos, revela estudo da OMS na revista científica publicada A Lanceta.
“A violência entre parceiros íntimos está começando assustadoramente cedo para milhões de mulheres jovens ao redor do mundo”, disse a Dra. Pascale Allotey, diretora do departamento de Saúde Sexual e Reprodutiva e Pesquisa da OMS, em um comunicado à imprensa.
No total, quase 19 milhões de adolescentes são afetadas, embora as taxas de prevalência sejam diferentes de uma região do mundo para outra. As regiões mais afetadas são a Oceania (47%) e a África Central Subsaariana (40%), enquanto as taxas mais baixas são encontradas na Europa Central (10%) e na Ásia Central (11%).
A diferença entre os países é igualmente grande: estima-se que 6% das adolescentes sejam vítimas desse tipo de violência nos países menos afetados, em comparação com 49% nos países com as taxas mais altas.
O estudo da OMS também observa diferenças relacionadas ao contexto socioeconômico: a violência é mais prevalente em países e regiões de baixa renda e onde as meninas têm menos escolaridade.
Por outro lado, países de alta renda com uma economia bastante forte mostram casos mais baixos de violência de parceiro íntimo entre adolescentes. Por exemplo, 15 países europeus tiveram uma prevalência na faixa mediana mais baixa de 0–4%, de acordo com dados da OMS.
“Como muitos adolescentes não têm recursos financeiros próprios, eles podem enfrentar dificuldades específicas quando se trata de deixar um relacionamento abusivo”, afirma o relatório.
O casamento infantil (antes dos 18 anos), que afeta 1 em cada 5 meninas no mundo, também aumenta significativamente o risco de violência, pois “a diferença de idade entre os cônjuges cria desequilíbrios de poder, dependência econômica e isolamento social”, disse a OMS.
Efeito “devastador” nas vítimas
A violência física e/ou sexual pode ter um efeito “devastador” no desempenho escolar das adolescentes, em seus relacionamentos futuros, em suas perspectivas e em sua saúde, alertou a agência de saúde da ONU.
“Considerando que a violência durante esses anos críticos de formação pode causar danos profundos e duradouros, ela precisa ser levada mais a sério como uma questão de saúde pública”, destacou Allotey.
A violência sexual e física aumenta o risco de lesões, depressão, transtornos de ansiedade, gravidez indesejada e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), entre muitos outros.
Para pôr fim à violência de género, o estudo recomenda que os governos implementem políticas e programass para promover a igualdade entre mulheres e meninas.
“Isso significa garantir educação secundária para todas as meninas, garantir direitos de propriedade equitativos entre os gêneros e acabar com práticas prejudiciais, como o casamento infantil, que muitas vezes são sustentadas pelas mesmas normas de gênero injustas que perpetuam a violência contra mulheres e meninas”, disse a Dra. Lynnmarie Sardinha, autora do estudo.
Em maio, a União Europeia adotou sua primeira diretiva para combater a violência contra as mulheres, que incluía programas de prevenção.
(Editado por Zoran Radosavljevic)