Uma defensora ferrenha da União Europeia da Saúde, a belga Hilde Vautmans inicia seu terceiro mandato como deputada europeia com um foco renovado no acesso igualitário à saúde, cuidados preventivos e digitalização.
Apesar de seu partido perder uma cadeira, Vautmans continua sendo a única representante dos liberais flamengos no Parlamento Europeu. Em conversa com a Euractiv, ela enfatizou seu comprometimento em tornar a Europa mais decisiva e mais forte por meio da cooperação em saúde.
“É uma das minhas batalhas para tornar a Europa mais decisiva e mais forte”, afirmou. Vautmans acredita que uma União Europeia da Saúde pode melhorar a cooperação entre os estados-membros da UE em saúde pública e promover a proteção da saúde em toda a Europa.
“Continuo comprometida com uma Europa onde uma união da saúde se torne uma realidade, com solidariedade e partilha de experiências no seu cerne”, afirmou.
Reduzir a dependência de medicamentos não europeus
Vautmans também enfatiza a importância de reduzir a dependência da Europa de outros continentes para medicamentos. Ela defende o Critical Medicine Act, que visa trazer a produção de medicamentos essenciais de volta para a Europa.
“Uma política conjunta sobre parcerias, financiamento e regulamentação é necessária”, ela disse. Ela argumenta que acordos europeus com a indústria farmacêutica podem revitalizar o desenvolvimento e a produção de medicamentos estratégicos e ingredientes ativos dentro da Europa e da Bélgica.
“Somente em um mercado europeu podemos tornar a indústria farmacêutica na Europa competitiva novamente”, observou Vautmans.
Igualdade de acesso, cuidados preventivos e digitalização
Ela descreve três prioridades críticas de saúde para a Europa: “Primeiro, garantir que todos os cidadãos europeus, independentemente da origem socioeconômica ou localização geográfica, tenham acesso igual a cuidados de saúde de qualidade é fundamental”, disse ela à Euractiv.
Para isso, ela defende a redução significativa das listas de espera para tratamento médico e a garantia de acesso oportuno a cuidados especializados para todos os cidadãos.
“Segundo, a Europa deve continuar a focar em cuidados de saúde preventivos”, disse ela. Isso envolve promover estilos de vida saudáveis, abordar fatores de risco (como tabagismo e obesidade) e fornecer suporte abrangente de saúde mental e bem-estar.
“Temos que continuar a puxar a carta preventiva”, disse ela.
Sua terceira prioridade é a digitalização da assistência médica, que Vautmans acredita que “realmente precisa ser adotada”. Isso requer investimento significativo em infraestrutura digital, interoperabilidade de dados de saúde e soluções de e-saúde.
“Devemos nos concentrar em promover a implementação do Espaço Europeu de Dados de Saúde (EHDS)”, ela explica. “O EHDS torna a troca de dados de saúde mais fácil e aumenta a eficiência.” Ela acrescenta que proteger a privacidade dos indivíduos deve ser sempre uma prioridade máxima neste processo.
Reforma da legislação farmacêutica
Vautmans confirma a importância de revisar a legislação farmacêutica no próximo Parlamento Europeu. Ela vê essa reforma como um equilíbrio entre incentivos para pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos com melhor acesso e disponibilidade em toda a UE.
Ela também acredita que promover a inovação no setor farmacêutico é crucial, beneficiando tanto o progresso científico quanto os resultados para os pacientes.
“A reforma proporciona maior harmonização do mercado interno de medicamentos, acelera o processo de aprovação de medicamentos, introduz novas ferramentas para combater a escassez de medicamentos, permite a expansão da aquisição conjunta e melhorará a disponibilidade, a acessibilidade e o acesso igualitário aos medicamentos para todos os europeus”, explicou Vautmans.
Fortalecendo a EMA
Vautmans disse que trabalhará por uma abordagem equilibrada à legislação farmacêutica, o que inclui promover a transparência nos preços dos medicamentos, incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de novos tratamentos e garantir a disponibilidade de medicamentos acessíveis para todos os cidadãos da UE.
Ela também enfatiza a importância de garantir uma supervisão eficaz do setor farmacêutico para garantir que os medicamentos sejam seguros e de alta qualidade. Isso requer o fortalecimento da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e a facilitação da cooperação entre autoridades nacionais de supervisão.
Assistência médica personalizada para pacientes com doenças raras
Em relação à revisão da legislação farmacêutica, ela defende a criação de uma estrutura europeia para doenças raras para permitir medicamentos órfãos bem-sucedidos e cuidados de saúde personalizados para esses pacientes.
Vautmans também apoia a compra coletiva abrangente de medicamentos para doenças raras e crônicas ou antibióticos e o acesso igualitário a medicamentos contraceptivos e abortivos em toda a UE.
Ela apoia incentivos de P&D e medidas para combater a resistência antimicrobiana combinando vouchers de exclusividade transferíveis com um mecanismo de push-pull para incentivar o desenvolvimento de novos antimicrobianos.
Segurança como prioridade principal
Embora a saúde seja importante, Vautmans prioriza a segurança, o que inclui proteger a Europa, estabelecer uma defesa europeia, combater a migração ilegal e proteger a indústria e a estabilidade econômica.
Ela enfatiza que a força econômica e a competitividade da Europa são vitais para a segurança geral. Para enfrentar a concorrência desleal de países como a China, Vautmans defende uma indústria europeia robusta.
“Sem uma indústria europeia forte e inovação”, afirma, “não alcançaremos as nossas ambições nas transições verde e digital”.
Ela pede uma política industrial europeia unificada, apoiada por um Acordo Industrial, para fortalecer a indústria e a competitividade europeias, além de melhorar os acordos comerciais e abordar práticas comerciais desleais.