A “Casa dourada” de Henrique Amorim e um dos artefactos mais preciosos em Lamas
Em 1952 uma obra de arte de valor histórico incalculável chegava a Santa Maria de Lamas

Em 1952 uma peça de arte sacra chegava a Santa Maria de Lamas – o artefacto, em talha de madeira, intitulado de “Nossa Senhora do Ó” viria a ser um dos mais importantes achados do género em Portugal
Texto: Ricardo Santos
Investigação e Imagens: Museu de Lamas
Estávamos em 1952 – nesse ano Portugal estava de luto, a Tragédia de Gibalta assombrava as notícias, na telefonia e nos jornais – não havia ainda televisão essa chegria em 1956; no cinema Zsa Zsa Gabor chocava o mundo no filme “Moulin Rouge“.
Em Santa Maria de Lamas, um industrial bem-sucedido chegava da cidade do Porto e trazia na sua mala uma pequena peça de 58 cm que tinha adquirido num antiquário.
Henrique Amorim tinha uma contundente paixão por arte sacra e ao longo de décadas recolheu, quase compulsivamente, milhares de objetos e armazenava-os naquela que apelidava de domus aurea – a “Casa Dourada” – que hoje todos conhecemos por Museu de Lamas.
Este artefacto, no entanto, marcaria as gerações vindouras: seria um estandarte do espólio, que de certa forma deixou de herança à freguesia.
Talhada em madeira, a “Nossa Senhora do Ó”, é a peça mais antiga no museu de Lamas e proveniente de um tema do qual poucas peças sobreviveram: a gravidez de Maria mãe de Jesus.
Este exemplar terá tido origem numa oficina portuguesa ou castelhana entre os finais do Séc. XIII e o início do séc, XIV, especificamente nas suas três primeiras décadas – bem enquadrada na corrente Gótica – a mesma quis trazer luz e alguma jovialidade à idade das trevas.
O tema da Nossa Senhora do Ò, tem raízes Bizantinas – “o tributo à expectação de Maria” até chegou a ser popular na península Ibérica, mas perante “as dúvidas teológicas” o tema acabou condenado pela elite religiosa.
A viagem de quase 800 anos desta sobrevivente terminou na “Casa Dourada” – hoje é das poucas que restam, sendo que a maioria que sobreviveu ao tempo são de “Calcário mole” – o que torna este exemplar em talha de madeira ainda mais precioso.
Henrique Amorim é conhecido pela transformação da cortiça e pela participação no gigante económico Corticeira Amorim, cujo grupo se iniciou em 1922 com a “Amorim & Irmãos, Lda”. No entanto, o seu legado foi muito mais além – como um Indiana Jones da vida real, a sua obsessão por história e arte, especialmente pela arte sacra terá sido responsável por resgatar tantas peças do colecionismo privado e até da destruição.
Hoje este legado continua – a equipa do Museu de Lamas reorganizou-se e tem agora um setor de restauro e preservação, para que nunca percamos a nossa identidade cultural.
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